Inovação Cervejeira

Caros amigos cervejeiros
Este é um espaço onde queremos falar de inovação. Mas vamos já fazer um “disclaimer” cervejeiro. Não vamos dar dicas de inovações para o mundo cervejeiro. As inovações neste mundo, quem as trazem são vocês cervejeiros. As dicas, quando trouxermos, serão para ajudar a descobri-las, a encontrá-las.

Vamos aqui falar de gestão da inovação. Vamos falar de processos e modelos para se conseguir inovar. Vamos falar das pesquisas com potencial de gerar inovação neste mundo cervejeiro. Não somente para produto – uma boa cerveja, é claro, mas também de processo. Processos de produção, fermentação, filtragem, envasamento, embalagem, transporte, distribuição, etc. Vamos falar de ousadia, pensar diferente, pensar inversamente, pensar absurdamente, endoidar-se, exatamente para provocar vocês.

Sabemos que o momento não é de venda abundante, de comprador fazendo fila e dos bares cheios de gente tomando cerveja. Mas acreditemos que sairemos mais desta. Já saímos de outras tantas. Existem perspectivas. E existem mercados ainda inexplorados. Aqui e lá fora. Não devemos ser pessimistas. A nossa reação tem que vir do otimismo. Nos movemos pela força de nossa vontade. E a vontade vem da força de querer nos mover. Um é resultado do outro. E o que não falta é gente para apreciar uma boa cerveja.

Então, queremos ajudá-los a inovar. Queremos estimulá-los a inovar. Queremos instigá-los a inovar. Queremos que vocês virem a mesa, rodem a baiana e virem do avesso o mundo cervejeiro. Inovem localmente, regionalmente e mundialmente. Experimentem novos fermentos, experimentem novos ingredientes, experimentem novos processos, experimentem novas maneiras de comercializar, entregar e satisfazer o apreciador de uma boa cerveja.

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Troquem lúpulo por losna, troquem malte de cevada torrada por malte de feijão-preto, troquem açúcar por fruta do conde (às vezes acho a fruta do conte mais açucarada que o próprio açúcar!), troquem garrafa pet por gomo de bambu gigante retornável (acho que peguei pesado, nesta!). Não se apeguem somente ao passado. O lúpulo, utilizado hoje para preservar e dar o gosto amargo da cerveja somente foi introduzido no processo de fabricação da cerveja entre os anos 700 e 800, atribuído a monges do Mosteiro de San Gallo, na Suíça. E a cerveja, historicamente, já era conhecida pelos antigos egípcios, mesopotâmios e iberos, pelo menos, a 6 000 a.C. Ou seja, o lúpulo foi introduzido ontem na cerveja que conhecemos hoje.

Calma, não estou dizendo que devemos trocar o lúpulo por losna e acreditar que será um sucesso. Estou dizendo que fazer experiências é fundamental. Nada é imutável e eterno. Não existe nada que não possa ser melhorado. E não há nada que nos diga que pensar diferente não nos possa trazer inovação, quebrando regras atuais.

Vamos falar do aproveitamento de frutas brasileiras e instigá-los a encontrem aquelas que despertarão paixão divina ao saborear a sua cerveja. Pode ser uma fruta tão desconhecida que você nem sequer experimentou ainda! Já saboreou o fruto do jatobá?  Já experimentou seriguela? Bacuri? Araçá? Pitanga? Ainda não vi fruit beer de jabuticaba, alguém já experimentou?

Vamos falar das pesquisas nas universidades que estão buscando melhores processos de fermentação, filtragem, moagem, envase, etc. Vamos falar do que outros estão fazendo em outros mercados.

Enfim, vamos falar de inovação, para atiçar vocês. Para melhorarem seus produtos e processos. Para se diferenciarem. Para reduzirem seus custos. Para ganharem mais mercado. Para quebrarem paradigmas. Para surpreenderem seus clientes. Deixá-los de boca aberta…para tomarem mais cerveja boa.

Abraços

Eduardo Grizendi.

Eduardo Grizendi é Engenheiro Eletrônico, pelo ITA, Mestrado pelo INATEL e MBA pela FGV. Lecionou por vários anos a disciplina de Inovação e Negócios, no INATEL. Autor do Manual de Inovação para Empresas Brasileiras de TIC, patrocinado pela SOFTEX e publicado pela Editora Publit. Apreciador de cervejas artesanais.


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